Foi sob o olhar dos retratos gigantes dos líderes revolucionários Che Guevara e Camilo Cienfuegos que o Papa Francisco celebrou a primeira missa ao ar livre da sua visita a Cuba. Numa Praça da Revolução, em Havana cheia de fiéis e curiosos, o chefe da Igreja Católica pediu aos cubanos para que sirvam "as pessoas e não as ideias". Num dia atarefado, o argentino tinha ainda na agenda um encontro com jovens e uma reunião oficial com o presidente Raúl Castro, mas teve ainda tempo para ir saudar o irmão deste, Fidel, com quem trocou presentes: ofereceu e recebeu livros..Durante um encontro de 30 a 40 minutos na residência de Fidel, o líder histórico da revolução cubana ofereceu a Francisco Fidel e a Religião, o livro que resultou de uma entrevista que deu ao teólogo brasileiro Frei Betto. E não esqueceu a dedicatória: "Para o Papa Francisco, por ocasião da sua visita fraterna a Cuba. Com admiração e respeito do povo cubano. Fidel." Já o Papa, entre outros presentes, levou ao ex-líder dois livros, um de um autor italiano e outro de um jesuíta que foi professor de Fidel..Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, o encontro decorreu num "ambiente muito familiar e informal". Os dois homens, Francisco de 78 anos, e Fidel de 89, terão abordado temas de atualidade, entre os quais o ambiente..Pouco antes, Francisco dirigira-se às dezenas de milhares de pessoas que encheram a praça de Havana que se tornou símbolo da revolução. Na sua homilia, o Papa alertou para os perigos do poder e da ideologia, quando estes excluem o outro. A polícia cubana interveio para deter um homem que tentava distribuir folhetos à multidão presente na praça onde ficam as sedes do governo, do Partido Comunista e onde os cubanos se juntam para celebrar o 1.º de Maio..Alguns dissidentes cubanos denunciaram dezenas de detenções e de prisões domiciliárias de opositores ao regime de Raúl Castro, na sequência da visita do Papa. A líder do movimento dissidente Damas de Branco, Berta Soler, disse à agência espanhola de notícias EFE que foi detida, temporariamente, no sábado, antes da chegada de Francisco, e também durante o dia de hoje, quando se encontrava com mais 22 elementos do movimento e com o seu marido, o ex-preso político Ángel Moya, para assistir à missa papal..Leia mais na edição impressa ou no epaper do DN